Os times do Campeonato Inglês de futebol deixarão de ser patrocinados por casas de apostas esportivas da temporada de 2026/27 em diante. Até esse momento os times estarão em um “período de transição” durante o qual deverão deixar seus contratos terminar e/ou buscar novas fontes de patrocínio.
A medida não é inédita na Europa, mas vem um pouco na contramão da tendência atual.
Brasil prepara-se para regulamentar definitivamente
Não parece existir qualquer risco de que tal possa acontecer no Brasil no curto ou médio prazo. Na verdade, aqui a tendência é a contrária. Existe um consenso político alargado sobre a oportunidade que as apostas esportivas representam para o país, mas não foi ainda possível implementar na prática aquilo que a lei já determina.
Esse consenso político é demonstrado pelo fato de a legalização das apostas esportivas ter sido feita no final de 2018, com impulso e apoio do presidente-eleito Jair Bolsonaro, e sua regulamentação ser agora prioridade do governo do presidente Lula. Foram feitas neste sentido várias declarações recentes do ministro da Economia, Fernando Haddad, sobre a necessidade de fechar esse tema e começar taxando as casas de apostas internacionais operando em nosso país, tal como sempre foi previsto desde o início.
É o caso, por exemplo, da novibet.com, que terá já um interessante número de usuários brasileiros e estará igualmente antecipando o início da fase juridicamente regulada, a partir da qual as plataformas de apostas internacionais estarão abrigadas de surpresas políticas. Ainda assim, não existem nesse momento vozes políticas no Brasil que queiram reverter o espírito da decisão tomada em 2018.
Fim dos patrocínios de casas de apostas?
A Inglaterra não é o único país que impede esse tipo de patrocínios nas camisas dos times de futebol; outros países europeus, como a Espanha e a Itália, já o fazem atualmente. Entretanto, existem certas características que não apontam para uma generalização desse tipo de decisão.
A primeira é o fato de tais ligas poderem ter margem para escolher o tipo de patrocínio que querem, pois são das mais ricas do mundo. Outras ligas emergentes e com menor “poder de fogo” não estão decidindo por esse caminho. É o caso do Francês, do Holandês e do Português. Não nos enganemos com o brilho do Paris Saint-Germain; o campeonato da França é geralmente considerado o mais fraco do chamado “Top 5” das ligas europeias.
A segunda é que nem todos os países estão seguindo do mesmo jeito a reação do público ao crescimento das apostas esportivas. Os Países Baixos são um país com tradição de restrição a formas de jogo suspeitas; veja-se que foram dos primeiros países a colocar obstáculos à presença de “loot boxes” em videojogos. Entretanto, os holandeses ainda não viram motivo de preocupação com apostas esportivas, algo bem diferente.
Do mesmo jeito, Portugal está seguindo um regime apertado de licenciamento de sites de apostas (e de “caça” aos sites ilegais) que contribui para a generalização de medidas de jogo responsável por parte dos apostadores. O sistema português vem até sendo descrito como uma das inspirações para a Fazenda e o futebol nacional regulamentarem as apostas esportivas na prática. E em Portugal, como nos Países Baixos, a presença de casas de apostas nas camisetas dos times de futebol vem crescendo sem problema.
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